AMOR DE PRAIA SOBE SERRA?
A indagação poderia ser simplesmente respondida com sim ou não, mas a verdade é que ela precisa ser analisada de forma muito mais profunda. Isso porque não se trata de uma pergunta objetiva e simples, bem como há um equívoco conceitual no centro da questão. Mas vamos lá...
Equívoco Conceitual
Há "amor de praia” ou "paixão de temporada"? Não quero aqui bancar a mãe zelosa, mas é óbvio que o amor-amor vai além daquela coisa de duas ou três semanas. Talvez até perca em intensidade, porque a paixão não é brincadeira, mas em contrapartida é algo muito mais duradouro.
E, por não ser amor – mas sim paixão –, taí uma parte da solução do problema. "Sobe serra?". Não, não sobe. Ou melhor, até "sobe", porque o casal começa a trocar e-mails (antes eram cartinhas, telefonemas), marcam encontros, mas isso esmorece quando a rotina se impõe.
Porque a paixão não sobrevive em ambientes inóspitos. A paixão é feita para durar em determinados ambientes ou circunstâncias, e nem sempre – ou quase nunca – é equilibrada. Daí a origem do ditado que se transformou num verdadeiro axioma: "amor de praia não sobe serra".
A Complexidade
Na "praia", todos somos iguais. Enquanto na cidade há toda uma diferença de classes sociais, obrigações, distâncias etc. etc. etc., na praia tudo isso desaparece. Os casais estão a poucas quadras de distância, passam o dia juntos, não há obrigação, não há rotina, não há nada.
"Subir a serra" não é um fenômeno geográfico, mas sim uma circunstância de amplos significados. Já sabemos que o amor não era exatamente isso, mas sim uma paixão. E, agora, trataremos das mudanças.
Na praia, não havia obrigações mais sérias, além de tomar sol, passear, ficar à toa, sair à noite etc. Quando acaba essa farra, porém, a conversa é outra e tudo muda MUITO de figura. Às vezes, mesmo os casais que se amam de verdade não resistem a determinadas modificações ou imposições da crueza da rotina, imagine os pequenos românticos adolescentes ou não tão adolescentes assim.
Claro que é grande a chance de dar errado...
Outros Mundos, Outras Pessoas
Pra piorar, no "alto da serra", há mais gente, e isso não inclui apenas amigos e amigas, mas também pretendentes de ambas as partes, ou mesmo de apenas uma das partes, o que prejudica sobremaneira a relação. No começo, ainda sob o efeito da paixão, não influi muito. Mas água mole em pedra dura...
Enfim, é claro que lá pelas tantas as coisas se ajeitam e, fazendo aqui bem porcamente algumas contas, antes da Páscoa já está tudo resolvido. Um já esqueceu o outro, outro já esqueceu o um. Muito embora – bem sabemos – no carnaval jurem amor eterno e xinguem em voz alta quem ousa duvidar desse sentimento.
E, querem saber? É bom que seja assim. Sem isso, a vida não tem a menor graça. No fundo, o grande problema não está na resposta à pergunta do título, mas sim na graça de existir o "amor de praia", mesmo se é ou não um amor.
Precisamos aprender a viver sem muito medo de fazer essas perguntas retóricas e sem dar bola para os ditados que se transformam em axiomas. Mesmo que isso implique em inevitável sofrimento. Mesmo que no fundo saibamos da grande roubada em que nos metemos.
A vida, sem isso, não faz muito sentido.
Equívoco Conceitual
Há "amor de praia” ou "paixão de temporada"? Não quero aqui bancar a mãe zelosa, mas é óbvio que o amor-amor vai além daquela coisa de duas ou três semanas. Talvez até perca em intensidade, porque a paixão não é brincadeira, mas em contrapartida é algo muito mais duradouro.
E, por não ser amor – mas sim paixão –, taí uma parte da solução do problema. "Sobe serra?". Não, não sobe. Ou melhor, até "sobe", porque o casal começa a trocar e-mails (antes eram cartinhas, telefonemas), marcam encontros, mas isso esmorece quando a rotina se impõe.
Porque a paixão não sobrevive em ambientes inóspitos. A paixão é feita para durar em determinados ambientes ou circunstâncias, e nem sempre – ou quase nunca – é equilibrada. Daí a origem do ditado que se transformou num verdadeiro axioma: "amor de praia não sobe serra".
A Complexidade
Na "praia", todos somos iguais. Enquanto na cidade há toda uma diferença de classes sociais, obrigações, distâncias etc. etc. etc., na praia tudo isso desaparece. Os casais estão a poucas quadras de distância, passam o dia juntos, não há obrigação, não há rotina, não há nada.
"Subir a serra" não é um fenômeno geográfico, mas sim uma circunstância de amplos significados. Já sabemos que o amor não era exatamente isso, mas sim uma paixão. E, agora, trataremos das mudanças.
Na praia, não havia obrigações mais sérias, além de tomar sol, passear, ficar à toa, sair à noite etc. Quando acaba essa farra, porém, a conversa é outra e tudo muda MUITO de figura. Às vezes, mesmo os casais que se amam de verdade não resistem a determinadas modificações ou imposições da crueza da rotina, imagine os pequenos românticos adolescentes ou não tão adolescentes assim.
Claro que é grande a chance de dar errado...
Outros Mundos, Outras Pessoas
Pra piorar, no "alto da serra", há mais gente, e isso não inclui apenas amigos e amigas, mas também pretendentes de ambas as partes, ou mesmo de apenas uma das partes, o que prejudica sobremaneira a relação. No começo, ainda sob o efeito da paixão, não influi muito. Mas água mole em pedra dura...
Enfim, é claro que lá pelas tantas as coisas se ajeitam e, fazendo aqui bem porcamente algumas contas, antes da Páscoa já está tudo resolvido. Um já esqueceu o outro, outro já esqueceu o um. Muito embora – bem sabemos – no carnaval jurem amor eterno e xinguem em voz alta quem ousa duvidar desse sentimento.
E, querem saber? É bom que seja assim. Sem isso, a vida não tem a menor graça. No fundo, o grande problema não está na resposta à pergunta do título, mas sim na graça de existir o "amor de praia", mesmo se é ou não um amor.
Precisamos aprender a viver sem muito medo de fazer essas perguntas retóricas e sem dar bola para os ditados que se transformam em axiomas. Mesmo que isso implique em inevitável sofrimento. Mesmo que no fundo saibamos da grande roubada em que nos metemos.
A vida, sem isso, não faz muito sentido.
Revisão: Hellen Guareschi
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