segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pílula do dia seguinte pode trazer mais riscos do que benefícios


Método serve apenas como alternativa emergencial para não prejudicar a saúde da mulher


POR MINHA VIDA
A pílula do dia seguinte costuma ser usada por algumas pessoas com muita frequência, interpretada como uma solução prática para evitar a gravidez indesejada sempre que algum imprevisto acontece. No entanto, esse recurso é indicado apenas para casos de emergência e deve ser usado com cuidado, já que pode trazer efeitos colaterais. A fim de contribuir com a propagação de informações corretas sobre esse tema, o Portal Minha listou as principais dúvidas sobre o assunto. Veja as respostas a seguir:

Existem dois tipos de pílula, qual é o melhor? 
O mercado disponibiliza dois tipos de pílula do dia seguinte: uma cartela com apenas um comprimido de 1,5mg de levonorgestrel e outra com dois comprimidos de 0,75mg da substância."Como se trata de um método de emergência e não de prevenção, a dosagem da pílula, independentemente do tipo, é um turbilhão de hormônios", explica a ginecologista Felisbela Holanda, da Unifesp. 
Para a especialista, não existe diferença entre os dois tipos de pílula do dia seguinte, até porque a dosagem é a mesma. Ambas representam uma enorme carga de hormônios ingerida de uma só vez, diferentemente das pílulas anticoncepcionais convencionais - ingeridas diariamente -, que possuem dosagem menor.

Qual é a maneira correta de tomar?
Felisbela explica que o procedimento é bem simples. "Para o tipo que tem apenas uma pílula, basta tomá-la até 72 horas depois do ato sexual. Para aquela que vêm em duas doses, a primeira deve ser tomada logo após o coito e a segunda, depois de 12 horas", explica.

Mesmo com esse intervalo grande de tempo - 72 horas - a ginecologista Denise Coimbra recomenda: "A pílula do dia seguinte pode ser tomada em até 12 horas do 'acidente' para aumentar a eficácia do método".

Existe a possibilidade de engravidar, mesmo tomando a pílula do dia seguinte? 
Conforme a especialista, o risco de insucesso da pílula do dia seguinte gira em torno de 5%. Isso se levarmos em conta que ela seja tomada nas primeiras 24 horas após o ato sexual. "É perfeitamente possível que a mulher engravide, afinal, a pílula do dia seguinte não é um método contraceptivo, mas de emergência. O corpo não está preparado para ela", argumenta Felisbela.

A ação do levonorgestrel - um tipo de progesterona - pode inibir ou retardar a ovulação. Ou seja, ele é capaz de dificultar a passagem do óvulo ou do espermatozóide, além de provocar alterações no endométrio, bloqueando a implantação do óvulo. A médica alerta que, "se ingerida depois da formação do feto, ela pode causar hemorragia e aborto, fatores de altíssimo risco para a vida da mulher".  
Efeitos colaterais
A ginecologista Denise Coimbra também conta que o feto pode apresentar sequelas, mas as chances são pequenas. "Ao tomar a pílula muito tempo depois da fecundação, não haverá eficácia e só os exames do primeiro pré-natal podem acusar algum problema com o feto. Na maioria das vezes, não há complicações", explica.

Existem efeitos colaterais para o uso da pílula do dia seguinte? 
Mesmo se considerarmos o uso esporádico da pílula do dia seguinte como um parâmetro normal, ainda é possível que ela cause efeitos colaterais. "Pode causar dores de cabeça e no corpo, náuseas, diarreia e vômito", explica Felisbela.

Na maioria das vezes, a pílula altera o fluxo normal da mulher, desregulando a menstruação. "Dependendo do dia em que foi tomada, a pílula pode provocar sangramento ou mesmo retardar a menstruação", conta Denise Coimbra, que faz questão de frisar que esse recurso deve ser feito apenas em casos de emergência, por conta desses efeitos.

Se usar com certa frequência, pode engordar?
Para a ginecologista, isso varia de acordo com o organismo de cada pessoa. No entanto, é possível que o uso frequente possa interferir nas reações do corpo. "Sem dúvida, uma dose imensa de hormônios como a da pílula do dia seguinte pode engordar, mas só através de uma avaliação individual é que será possível confirmar", explica Felisbela.  
Cigarro
Consumir álcool e tabaco pode anular o efeito da pílula? 
É uma combinação perigosa. Felisbela explica que o uso de alguns tipos de drogas pode ser prejudicial se combinados com o tratamento com a pílula do dia seguinte. Bebidas e cigarros possuem substâncias que potencializam os níveis do hormônio estrogênio no organismo e não devem ser ingeridos com nenhum outro medicamento.

"A pílula com estrogênio é um vasoconstritor, que contrai os vasos sanguíneos, e a nicotina do cigarro também. Em associação, aumentam o risco de derrame (Acidente Vasculas Cerebral) e trombose", esclarece Denise Coimbra.

Existem contra-indicações para o uso? 
De acordo com Felisbela, o mais importante antes de se fazer qualquer indicação ou contra-indicação é fazer uma avaliação pessoal. No entanto, sabe-se que algumas condições podem tornar o uso da pílula do dia seguinte perigoso.

"Em princípio, seu uso é contra-indicado para mulheres com hipertensão descontrolada, problemas vasculares, doenças do sangue e obesidade mórbida. Mas são contra-indicações relativas, que aumentam o risco de insucesso ou outros problemas e dependem de avaliação individual", explica a médica.

Além disso, a ginecologista explica que não existe idade mínima para tomar o medicamento. "A mulher já pode tomar a partir do momento em que tem uma vida sexual ativa. Já a idade máxima vai até o fim da vida fértil dela".  

Mas Denise Coimbra lembra que é preciso sempre ter o acompanhamento de um ginecologista. "A menina, quando tem a primeira menstruação, deve sempre procurar orientação do profissional para conhecer os métodos anticonceptivos. Nada de confiar nas amigas", adverte.

Seu uso frequente pode causar infertilidade? 
A especialista explica que sim. Afinal, o medicamento provoca uma descarga hormonal muito intensa em curto prazo. "Entretanto, em longo prazo, pode causar a gravidez ectopia (gravidez nas trompas). Além disso, também prejudica o funcionamento do aparelho reprodutor feminino e dificulta futuras gestações", explica Felisbela.

Por isso, é prudente evitar o uso frequente. Denise conta que, se a mulher ingerir a pílula com frequência e em um curto período de tempo, o recurso pode não funcionar como método de emergência. "O perigo é que, com o uso abusivo, a pílula pode perder o seu propósito, ou seja, a mulher pode engravidar, pois o medicamento quebra o ritmo hormonal", alerta.  

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