terça-feira, 19 de abril de 2011

Sexo entre os índios, um pouco de nossas raízes para entender o nosso comportamento sexual

Em homenagem, ao Dia do Índio, lembrando que são nossas raízes, encontrei esse texto, um estudo sobre a poligamia, sexo entre os índios brasileiros, importante que muito dos costumes deles, foram passados para nós, só que de forma deturpada, tudo seria bem mais fácil, se tivessemos aprendido de fato a cultura índigena sem misturar com outras culturas, como por exemplo as culturas europeias, lendo o texo dá para entender porque a nossa cultura ficou tão complicada, em especial no que se refere a relacionamentos.


Poligamia entre os povos indígenas do Brasil

Os selvícolas brasileiros, tidos como uma cultura primitiva pela sofisticadas sociedades ocidentais, têm institutos e rituais culturais antropologicamente superiores às pobres instituições ocidentais no que tange à sexualidade e, inclusive, no tocante à poligamia. Apesar de uma aparente desigualdade entre os sexo, semelhante ao nosso machismo, há um igualdade de direitos muito maior entre homens e mulheres do que nas sociedades ocidentais, especialmente no que diz respeito à sexualidade.

O conceito de infidelidade, embora também existente entre os índios, é tratado com muito mais condescendência do que entre nós, o que pressupõe uma compreensão maior das necessidades sexuais humanas. Um exemplo disto é o fato de existirem diferentes tipos de casamentos, que implicam em contratos diferenciados. O casamento considerado comum entre os Kayapós, por exemplo, ocorre quando ambos os noivos já são iniciados sexualmente. Promove-se uma festa na qual rapazes e moças formam semicírculos de fronte uns para os outros. A pajé (mulher) manda a moça escolher um marido. Ela então indica o rapaz de sua preferência. Neste tipo de relacionamento não há obrigação de fidelidade conjugal para nenhum dos dois, até que resolvam consolidar o casamento com um filho. É uma espécie de casamento experimental. As mulheres kayapó com o casamento consolidado são respeitadas ou poupadas. Mas, ainda assim, os casais com filhos podem trocar de parceiros se houver uma sólida amizade: o amigo dele será chamado de ikamu (irmão) e a amiga dela será inikiê (irmã). A troca é anunciada publicamente pelos dois para dar uma satisfação à sociedade. Isto demonstra uma maturidade social muito maior do que o nosso adultério às escondidas (que ocorre apenas porque não admitimos a necessidade natural da poligamia). Os ikamu se despedem dos companheiros, indo para a casa do amante. A experiência pode durar meses.

No caso dos Carajás a infidelidade é proibida, mas há uma certa tolerância em relação as escorregadelas. No caso de a infidelidade ser descoberta a mulher pode dar uma desculpa do tipo: "Eu não queria, mas ele insisitiu tanto que não resisiti". Este exemplo, por si só demonstra que os índios reconhecem tacitamente a necessidade também da mulher em ter relacionamento extra-conjugais. Nesse caso o marido tem duas opções: pode comunicar o fato publicamente num discurso e abandonar a infiel ou contar o caso aos parentes dos amantes, cabendo ao irmão ou irmã aplicar uma surra neles. Essa punição simbólica redime o adultério e a sociedade não se sente mais ultrajada.

Também os rituais de educação e iniciação sexual são mais sofisticados que os ocidentais, não cabe aqui discutir este aspecto, mas o citamos apenas para salientar que a educação e iniciação não distingue entre moças e rapazes, ambos têm iguais direitos a se iniciarem sexualmente com múltiplos parceiros antes do casamento e sem nenhuma relação de compromisso.

Um outro ritual interessante existente entre os kayapós é o Mebiôk, o ritual das amazonas. Durante uma semana as mulheres são as donas da aldeia: elas abandonam a casa e se instalam na ngóbe (casa dos homens). Os homens vão substituílas nas atividades domésticas, preparando os alimentos e cuidando dos meninos. À noite eles têm de atender aos chamados e provocações das mulheres guerreiras, a fim de provar sua virilidade. Na última noite, no encontro na ngóbe, completamente às escuras, sem mostrar quem realmente são, fazem sexo até o pajé anunciar a aurora. Elas vão tomar banho e depois voltam às suas casas e à vida normal. Esse ritual permite o exercício do adultério ritual tanto para os homens como para as mulheres ao mesmo tempo que reafirma a igualdade entre os sexos através da troca de papéis. Através desse ritual as mulheres lembram aos homens que, se eles não as tratarem bem, com amor e respeito aos direitos sociais adquiridos, elas podem voltar a viver sozinhas na floresta como mulheres guerreiras, fazendo uma vez por ano uma caçada aos homens para a reprodução. Outro resultado positivo desse ritual é que, se o casal estiver tentando a fecundação sem êxito, pode encontrar nesse ritual a solução, pois ninguém questionará a paternidade.

Nas sociedades indígenas brasileiras, as mulheres se igualam aos homens em todos os sentidos. As restrições a certos tipos de atividades possuem raízes mitológicas apenas, e estão relacionadas ciclicamente a lendas e rituais. Outro exemplo interessante é dos Wáiwái, Parikotó e Taruma. Em determinada época do ano os homens têm de abandonar a aldeia "porque suas esposas ficam brabas". Elas se tornam mulheres guerreiras: pintam-se e usam adornos e armas. Depois os homens aproximam-se desarmados tocando flautas e muito bem enfeitados como se viessem de regiões longínquas. As guerreiras os recepcionam. Eles exibem-se com danças e competições para mostrar vigor e serem escolhidos como amantes. Mais tarde elas oferecem presentes e, então, eles vão embora. A poligamia também acontece em algumas tribos, como, por exemplo, a dos Yanomami, que praticam a poligamia normalmente com a irmã ou prima da esposa.
Fonte: O Amor Entre os Índios. Geográfica Universal, nº 240, Jan/1995. Bloch Editores, Rio de Janeiro - RJ.

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